sábado, 16 de outubro de 2010

Obras na linha do Douro isolam moradores em Foz-Tua

A Refer está executar obras de vedação da linha do Douro, junto à estação de Foz-Tua, em Carrazeda de Ansiães, que vai deixar cerca de vinte moradores sem acesso às suas casas. Dizem que passam à beira da via desde sempre e que não têm alternativa.
Para já está feito um muro baixo que "rouba" cerca de um metro à anterior delimitação, em prejuízo da passagem que há décadas é usada pelos populares para aceder às suas residências. "Se for preciso vir uma maca a casa para levar um doente nem tem por onde passar", atirou, ao JN, Maria de Fátima, logo corroborada por António Manuel: "Esta é a única saída que tenho". E por Fernanda Sequeira: "Toda a vida entrámos em casa pela linha. Se a taparem como vai ser?". "Só se for pelo ar!", ironiza António Santos. "Se houvesse aqui gente de peso como antigamente olhe que eles não abusavam assim. Iam eles e tudo na frente!", torna Fátima Sequeira.
A população já solicitou apoio ao presidente da Junta de Freguesia de Castanheiro do Norte, Sérgio de Castro, que levou o assunto à última Assembleia Municipal de Carrazeda de Ansiães. "Sinto-me revoltado com esta situação", sublinhou, já que apesar de as casas terem sido construídas depois da linha ferroviária, "já ali existem há muitos anos" e agora "vão pôr-lhe um muro à porta". Para além de que "nunca ali houve qualquer acidente". "A passagem de nível oferece mais perigo e ainda não automatizaram", acentuou.
Ironicamente desafiou os moradores ou a Câmara Municipal a "comprar um helicóptero para as pessoas poderem entrar e sair de casa". E, falando a sério, pediu à autarquia para interpor uma "providência cautelar em tribunal para que as obras não possam ser executadas". Em último caso, o protesto poderá passar por medidas mais arrojadas.
A Refer respondeu a um contacto feito pelo presidente da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, que "tem todo o direito a fazer a obra e que estão a executá-la no domínio público da Refer".
Sobre a providência cautelar pedida pela junta, o autarca, José Luís Correia, explicou que a empresa ferroviária "pode executar as obras sem qualquer controlo por parte da Câmara" e que o regime especial que o permite "impossibilita o efeito útil de qualquer embargo municipal". E que no caso de a providência cautelar avançar a empresa ferroviária poderia vir a "invocar prejuízos que seriam imputados à Câmara". Como por exemplo, haver um atropelamento de alguém pelo comboio naquele local ou o empreiteiro ter de parar as obras que estão a ser executadas.
Apesar de condicionada, a Câmara vai estar "solidária e até à exaustão" com a Junta e com a população de Foz-Tua. E "se se verificar que está a ser levantado em terreno que não seja domínio público da Refer, o muro será demolido".